13 de out. de 2009

Os perigos do Virtual - Fingi ser uma Garoto...


Namoro virtual já não é um tipo de relacionamento fácil de se manter. Além da falta de contato físico, existe uma questão que nunca foge da cabeça dos envolvidos: será que ele está sendo sincero comigo? Afinal, escondida atrás de uma tela de computador, qualquer pessoa pode criar a imagem ou a personagem que lhe convém. E o truque muitas vezes pode virar contra quem aplica. Foi o que aconteceu com a estudante Daniela, que, de brincadeira, se fez passar por um menino para uma garota numa sala de bate papo "só para zoar". Final da história: a amizade entre os dois (as duas, na verdade) cresceu, e Daniela acabou se apaixonando pela amiga.

Segundo a professora Isabel Cristina Gomes, doutora do departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP, “as pessoas que buscam relacionamentos pela internet geralmente têm dificuldades de se relacionar ou de aceitar alguma parte de si”. Para ela, assim como Daniela que se passou por homem, sua amiga também poderia ter criado fantasias sobre sua personalidade. E é ai que mora um dos perigos dos namoros virtuais: as incertezas do relacionamento às escuras. “Acho que a velha idéia do 'olho no olho' ainda ajuda muito a desfazer essas fantasias e idealizações”, lembra a professora.
O que não se pode negar é que Daniela está sofrendo as conseqüências de sua brincadeira, que virou um verdadeiro caso de amor. Conheça sua história:

“Conheci a Fernanda numa sala de bate papo reservada. Não é a primeira vez que me apaixono virtualmente. Tempos atrás, me interessei por um menino, mas ele morava muito longe e o nosso caso não deu em nada. Mas com a Fernanda foi diferente. Entrei no chat com o nome de Daniel, o porque disso não sei explicar, foi uma brincadeira, não imaginava que iria me apaixonar, e que essa paixão seria correspondida. Mas a Fernanda se apaixonou na verdade pelo Daniel, pelo cara pelo qual eu me passava. Eu não queria enganá-la, sabia que seria difícil manter a mentira, e mesmo assim engatamos um namoro virtual.

Trocávamos cartas por e-mail, conversávamos pelo chat diariamente, falávamos pelo telefone de madrugada. Eu dizia que tinha problema na voz, e ela nunca questionou minha voz feminina (parece mentira, mas ela acreditava mesmo que falava com um menino). Descobri que a amava de verdade quando percebi que já não sabia mais viver sem ela e que gostava da Fernanda muito mais do que das minhas melhores amigas.

Pode parecer estranho namorar virtualmente, mas acreditem, tudo funciona como um relacionamento de verdade, mas sem nenhum tipo de contato físico. Você fica “te amo pra lá, te amo pra cá”, troca experiências, conversa sobre diversos assuntos e ainda há espaço para ciúmes sim. Namoro virtual é você gostar muito de uma pessoa e só ter como falar com ela através de um computador, é amar uma pessoa conhecendo-a por dentro e não por fora, é ter que dar satisfação do porquê você vai sair da internet ou do porquê você não vai poder ligar pra ela no dia seguinte...

Mas é lógico que chegou o dia em que ela sugeriu que nos encontrássemos. Como não tinha motivo algum pra dizer que não ia encontrá-la, a não ser a verdade, contei que sou menina. Foi um momento de pura tensão, principalmente porque não é fácil contar essas coisas pelo telefone. Contei que era estava negando o encontro. Nisso, a Fernanda chegou a fazer juras de amor, disse que poderia contar qualquer segredo que ela ficaria comigo, até no caso de eu ser uma menina. E no fim eu revelei que sou mesmo menina. Ela não soube o que responder. A princípio, pareceu que a Fernanda tinha aceitado numa boa, porém, depois percebi que sua voz estava se alterando, como se ela estivesse chorando. Sei que ela gostava muito do cara pelo qual eu me passava, e chegou a me culpar por “ter matado a pessoa que ela mais amava nesse mundo”.

Hoje ela diz que suas juras e a promessas eram para “ele” e não pra mim, e que tudo morreu no momento em que eu contei a verdade. Tudo isso me machuca muito. Eu não mudei nada, mas só o fato de eu ser mulher fez com que ela não me amasse mais...

Mas não sei se é certo gostar dela. As vezes eu quero esquecê-la, outras, sonho em ficar ao seu com ela pra sempre...
Por outro lado, acho que se eu a esquecesse, não sofreria mais. Só que para esquecê-la, terei que abrir mão da sua amizade, e isso eu não quero! Quero poder ligar e perguntar se ela esta bem e conversar. Acho que a Fernanda tem curiosidade de saber como seria namorar comigo, mas essa possibilidade a assusta. Quer dizer, eu também me assusto. Sem dúvida, se eu fosse homem acho que estaríamos juntas.

Imagino que no final acabaremos distantes uma da outra. Hoje estamos afastadas, ela não me liga, e sou eu que sempre a procuro. Acho que ela não sente tanta falta de mim como eu sinto dela, ela me vê como uma amiga, e eu a vejo como um amor. Mas meu coração diz que ela gosta de mim como eu gosto dela, só que ela tem medo de assumir isso. Eu posso até estar errada, mas acho que isso tudo não aconteceu à toa."

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